- Mimi, você conhece ela muito bem. - Percebi o desconforto na voz dela, ela também se estressava em alguns trechos.
- Conta vó não tem nada pra se fazer em pleno escuro. - ela devia estar tão entediada como eu, porém...
- Vá ler um livro, chata!- Porque agora? Para que relembrar, eu odeio isso.
- Ela não pode forçar a vista Berna. - Minha avó disse, derrotada, era raro não fazer o que nos queríamos.
- Está bem, Mimi. Muito tempo atrás minha irmã Fernanda e eu fomos largadas no mundo! Estudamos, trabalhamos, e, conhecemos os nossos maridos num baile da faculdade: muita musica, muita bebida, gente passeando pelo recinto, rindo, dançando, naquele momento nós estávamos bebendo uma cerveja. Foi quando chegaram dois rapazes e sentaram-se no bar, nós estávamos em uma mesa um pouco afastada da multidão, cansadas de tanto dançar. Os dois não paravam de olhar até que Fernanda percebeu:
- Mana, tem gente nos admirando. - ela me disse.
- Eu vi quando chegaram Fefe.
- corei naquele momento.
- E você nem me avisa??
- Eu já tinha visto aquele olhar, interesse sem compromisso, Nós morávamos juntas nessa época, ligavam muitos, mas ela nunca levava nenhum a sério.
- Piranha, ahg ram – Bernardo Pigarreou - queria dizer mas algumas coisas, mas deixei pra lá.
- Continuando - minha avó me lançou um olhar meio fulminante. - eles se levantaram, a musica estava alta, porém eu não me lembro qual era.Os dois vieram a nossa mesa, senti um frio na barriga, Fernanda riu, ela era melhor em flertar que eu, olhei para cima e ambos deviam ter 1,80 ou 1,85, eles também riam, eu estava entrando em crise não sabia o que fazer.
- Relaxe. - Fernanda sussurrou para mim.
-Oi. – Disse o moço claro com tatuagem, ele se dirigia a mim, mas minha língua me traia.
- Oi rapazes se perderam ou brigaram com o barman?- Fefê, sempre foi simpática.
- Nós estávamos lá do outro lado, mas concordamos que poderíamos estar em melhor companhia. Disse o outro rapaz, mas moreno que o de tatuagem, Esse tinha os olhos verdes.
-Nós duas rimos não deu pra segurar, Fefê me olhou e fingiu que estava pensando no assunto.
-Então anjo o que você acha?
- ela sempre me chamou de anjo ou Madre Teresa, pois ela me achava muito boazinha.
- eu não sei Fê. Acho que não da pra confiar, vai que sejam psicopatas?
- rimos de novo e eles também.
- Eu prometo fazer só o que você quiser. - o de tatuagem disse para mim. Eu ri para ele e olhei para minha irmã ela se divertia um bocado.
-Está bem garotos. Sentem-se, conversamos por horas, então eles finalmente se apresentaram.
-Meu Nome é Marcos e meu amigo se chama Bruno. - Então o tatuado se chamava Marcos? Eu pensei que ele ia fala um apelido, ou algo do tipo.
-Então você se chama Bruno? - Fefê lhe perguntou.
- Sim. -Eu deduzi que ele era tímido, porque ele era o que menos se falava.
-Eu me chamo Fernanda e minha irmã Angela. - Ela riu para ele e se levantou.
-Então vamos dançar. -ela o puxou pelo braço e foram pista adentro.
-Marcos, vocês estudam na nossa faculdade a UFRJ? – chama-lo pelo nome foi estranho.
- Sim eu faço letras e o Bruno direito, estamos quase concluindo, aleluia! – ele levantou as mãos para o céu, eu ri.
- Eu faço medicina e Fefê música. – ele me olhou com certo interesse, eu devo ter corado.
-E você anjo dança também?-Marcos tinha me perguntado...
-Não muito bem. Achei melhor ser sincera.
-Que bom, eu não sei dançar, tive medo de você fazer o mesmo que sua irmã, a propósito vocês são tão parecidas, mas meio diferentes.
- Eu sei, ela é mais atirada que eu, nós somos gêmeas, por isso somos fisicamente parecidas, Fernanda pintou o cabelo de loiro, porém são tão ruivos como o meu.
- Em minha opinião você é incrível. - nesse momento eu tinha me apaixonado por ele, depois saímos preocupados com aqueles dois; eles estavam atrás da pilastra aos beijos, eles nos levaram em casa foi assim que tudo começou, telefonemas, passeios, festas, Marcos e eu estávamos num relacionamento sério, Fernanda e Bruno também, eu achei ótimo só que iam rápido demais, dois meses depois ela se mudou para o conjugado dele, dias depois eu descobri o motivo ela me disse que estava grávida, Fefe fazia música na faculdade e eu temi por parecer ser muita responsabilidade, eles se casaram no civil tudo muito simples comemoramos num bar, eu a ajudei em tudo que podia pois trabalhar e estar na faculdade era bem puxado , depois de um tempo Marcos veio morar comigo, era bom ter alguém a quem contar as tristezas, as felicidades e se sentir protegida. Bruno uns anos, mas velho que Fefe se formou e conseguiu um estágio numa agência de advocacia, a vida era complicada, mas pareciam dar conta do recado, 7 meses e meio mas tarde o casal de gêmeos Beatriz e Flavio nasceram, foi lindo eu chorei horrores tinha virado tia daquelas lindas crianças. Eles conseguiram achar uma casinha com dois quartos um pouco pequena, mas dava para morar, e ali ficaram, um aperto dali uma dificuldade daqui. A faculdade eu terminei e Fefê também com a nossa ajuda. Todos nós demos apoio a ela , ela ficou radiante por um longo tempo, as crianças cresceram eles se mudaram, bruno se dedicou a carreira para dar o melhor para a sua família, me casei com marcos foi tudo lindo amava ele demais, ele virou professor de faculdade, ele era tão paciente, nasceu para isso, a família dele tinha uma situação um pouco confortável e não tivemos tantos problemas, construímos um relação de confiança, nós éramos unidos. Quando tudo parecia bem, eles chegaram, os Oliveira, se mudaram, parecia uma família normal, Ramon o marido de Ingrid, os filhos Renato e Isabella. Renato era dois anos mais velho que Isabella, eles implicavam um com o outro, sempre achei engraçado por serem vizinhos. Bruno e Fernanda foram se apresentar, os anos se passaram as famílias ficaram unidas, amigas mesmo, eu percebia que Fernanda era amiga do Ramon e Ingrid do Bruno, algo parecia estranho mas Marcos falou para não me meter eles eram casados e deviam se entender eles mesmos, Por mas que eu não queira saber ou me meter na vida dela eu sempre cuidei e fiquei preocupada. Eu os peguei, Fernanda e Ramon se beijando numa praça escondidos, mas eu os reconheci,
Não sabia o que fazer então fui consultar ao mais sábio de todos, o meu marido, eu contei a ele, e ele me disse para conversar com ela, pedi folga no hospital e chamei-a para conversar:
- Angela quanto tempo nem passa lá em casa. – Eu a indaguei - ela fingiu estar irritada comigo.
- Oi Fernanda quais as novidades?- Eu estava tentando manter a calma.
- As crianças estão bem, o Bruno está ótimo, ser professora de música não era bem o que queria, eu queria uma banda sair pela estrada conhecer o mundo, mas os gêmeos vieram e tive que mudar os planos. - Ela me deu um sorriso fraco.
- Está culpando seus filhos por sua vida não ser perfeita?- Eu realmente estava perdendo a paciência.
-Não eu amo os meus filhos, mas nem tudo são flores como a sua vida. - eu não estava ouvindo aquilo.
- Minha vida tem problemas também!
-Claro toda vez que eu te ligo você está aproveitando a vida, - qual restaurante vamos comer, não tem comida pronta amor? A empregada quando chega arruma tudo, ou, como vai gastar dinheiro - olha essa casa tanto espaço pra quê, são só vocês dois, sem despesas, sem material escolar, sem ter que dividir tudo em casa, comida, contas, eu não tenho roupas novas a anos e o tempo não parece ter passado pra você!
- Meu marido esta doente – (eu nunca falei aquilo para ninguém, ele não permitia!)
- Gripe se cura o tempo todo. – (Ela ironizou.)
- Marcos tem câncer, ele fica mais doente a cada dia que se passa, minha vida nunca foi perfeita, ela é confortável e todo problema que me aparece meu marido me ajuda a resolver, eu planejei minha vida, ao contrário de você Fernanda, viver intensamente não era sua filosofia? O que foi agora inveja de mim? De quê, pra quê? Ter uma família incrível, isso não é suficiente? E você traindo o Bruno numa praça velha e suja? – Eu estava chorando, toda vez acontece - quando fico com raiva eu choro.
- Não, como? Não é bem isso. - ela não me encarou - quando você soube do Marcos, ele me parece bem...- ela não completou a frase.
- Ele não faz quimioterapia! Mas ele não anda bem, vomita sangue eu não sei o que fazer - estava em prantos - Fernanda me abraçou.
- Eu e Bruno estamos distantes, e Ramon; antes nos só conversávamos sobre o assunto aí ele me abraçava, uma coisa levou a outra, - ela me encarou nessa hora. - eu amo meu marido você sabe, mas ele só pensa naquele maldito emprego ele não liga pra mim ou para as crianças, ele me trai com certeza. - Então ela começou a chorar, e ficamos ali nos olhando cada uma com seus problemas a serem resolvidos.
Meu marido partiu seis meses depois daquela conversa, segui o conselho dele e não me meti, Bruno os flagrou junto com seus filhos houve uma confusão tremenda, ele a expulsou de casa, ela me pediu abrigo eu dei, muita tristeza naquele ano, não houveram festas de fim de ano na minha casa, porém Bruno me pediu para ir a casa dele para celebrar, pois sempre seria da sua família, Fui sem Fernanda , quando cheguei Ingrid com seus filhos estavam presentes não achei estranho, pois agora eles compartilhavam a mesma dor, tinham algo em comum, parecia que estava acontecendo um pequeno romance entre meus sobrinhos e os vizinhos achei tão bonitinho será que estavam juntos antes daquela confusão toda?, Os meus sobrinhos ficaram felizes em me ver, parecia uma atmosfera agradável, comemos, brincamos, rimos, trocamos presentes, entretanto o mais velho de Ingrid parecia meio distante só Beatriz estava perto dele, Nesse momento Bruno veio conversar comigo:
-Oi Angela, que bom que está conosco. - ele estava acabado o homem que estava na minha frente não era nem sombra do que eu conheci há tempos.
- Eu também, queria que Marcos estivesse aqui! – Eu disse a ele.
- Sinto pela sua perda, eu queria que ele estivesse aqui também, ele saberia o que fazer. – Me disse bruno.
- Eu sei, eu sabia dos dois! – (Eu não olhei nos olhos dele quando disse isso).
- E por que não me disse?
- Eu não pude, a vida era de vocês, ela me disse que ia conversar com você e eu estava presa a minha própria dor, sinto muito, me desculpe.
- Tudo bem, nosso casamento estava distante, mas eu nunca acreditei que iria acabar.
- Ela me confessou que você só pensava no trabalho e acreditava que você a estava traindo.
- Ela sempre reclamava das contas, eu só queria dar o melhor para ela, mas nada estava bom.
- Que pena Bruno vocês pareciam tão felizes, eu pensei que seria para sempre.
- Acho que escolhi a irmã errada. - ele me deu um sorriso fraco.
- O que há entre a bia e Renato?
- Não sei, ela não me apresentou como namorado!? Flavio esta sério com Ingrid!
- Que bonitinho! Faço gosto, mas fique de olho na bia, sim.
- Ok.
Nesse momento a luz voltou, minha avó me encarou, eu me levantei da poltrona, eu não queria ouvir, eu iria fazer alguma coisa, qualquer coisa, sair daquela sala seria a primeira opção a seguir, eu sei bem onde isso ia dar. Então as duas me olharam.
- O que foi Bernardo?- Eu percebi o deboche na voz de Millena.
Virei-me e sorri – eu vou encurtar a estória pra você Mimi, a retardada da minha mãe se apaixonou por um idiota, ela engravidou, ele não quis assumir, ele a largou, o pai a expulsou de casa, sua tia avó a acolheu e ela largou o filho com ela e seguiu com sua vida. Agora os seus pais fizeram tudo certinho, foram pra faculdade juntos, casaram, construíram um negócio, tiveram você e então morreram!- eu já estava nervoso, Millena me olhava de cara feia, minha avó com lágrimas nos olhos; era sempre assim, a raiva me consumia!
Ñ sei de onde voc tira essas ideia smas vc é incrivel to louco pra sabr o q acontace com esa hist
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