terça-feira, 31 de julho de 2012

3. Meu inferno particular


- Você é um IMBECIL!- agora millena estava com raiva de mim?
- Não briguem. Por favor!- minha avó estava chorando, me odeio nessa parte.
- Então você quer que eu sinta orgulho de ser abandonado, ignorado é isso? Nenhum deles me quis, por que eu tenho que amá-los?- a ideia é tão ridícula que tive que rir.
- Beatriz teve que seguir essa oportunidade, ela agora é uma incrível arquiteta. - minha avó sempre tenta defendê-la.
- Claro! E deixa o filho por sete anos, e quando chega tenho que recebê-la com os braços abertos e para completar o meu papai querido é um bêbado, desempregado nunca me deu um centavo, a única vez que me encontrou foi por acaso além de tudo, disse que eu era um bastardo que minha mãe era uma piranha e tinha saído com todo mundo, e queria me bater, eu tinha 8 anos de idade, estávamos no meio da rua, desculpe vocês duas eu tenho outro conceito de amor.
Peguei a chave do meu carro novo em cima da mesinha - em outra ocasião eu tinha parado para admirá-lo - abri a porta com muita raiva, sentei no banco de couro, o cheiro de novo sempre me agradava, mas não estava adiantando nada, me senti um lixo.Liguei o carro, sai da nossa casa, dei uma olhada pelo retrovisor, me lembrei de tudo que batalhamos, construímos, passamos por cima de todos os nossos problemas, respirei fundo tentando colocar minha cabeça no lugar, o segurança abriu a cancela pisei fundo no pedal, eu queria esquecer.Minha vida nunca foi muito fácil, minha mãe sempre me deu muito amor isso para mim é o bastante, eu não me importo com meus verdadeiros pais, talvez esse seja o problema, eu não sinto nada por eles nem desprezo, estacionei na praia, comecei a lembrar do dia que trouxemos Millena na praia, ela virou um bife a milanesa de tanto rolar na areia, eu estava me acalmando com as boas lembranças, coloquei Legião pra tocar, fechei meus olhos e me deixei levar, acordei com um susto, alguém batendo no meu vidro, olhei de relance ainda de surpresa, as mãos dele tremiam, os olhos olhavam o tempo todo pra rua - um viciado talvez , que falta de sorte pensei comigo - ele esta tentando me roubar?  abaixei o vidro como um bom ingênuo e disse:
Sim. – Olhei para ele, ele estava com um canivete ou estilhaço de vidro, isso só melhora a cada momento.
 - Sai do carro, perdeu playboy, perdeu. - Disse o traste.
Eu não entro com arma em casa, fica sempre no carro, só tem uma dentro do meu quarto muito bem escondida, puxei minha Smith & Wesson .40 cromada com coronha banhada a ouro e com cano personalizado com meu nome Bernardo, disfarcei muito mal me espreguiçando, peguei a arma e sai do carro.Ele parecia até feliz, num único movimento engatilhei e apontei a arma no meio da testa do infeliz e disse meu texto decorado de anos:
- Você não sabe com quem está encarando, sorte sua que estou com paciência hoje eu vou te dar meio minuto para desaparecer da minha frente, - a expressão dele mudou da água pro vinho - e saiu correndo pedindo ‘desculpa 'seu' polícia’ como se desse pra comprar com o salário que um policial ganha um carro desse, – um Azzera último modelo completo – nossa 02:30hs da manhã, não dava mas pra ficar longe de casa estava morrendo de saudades das duas, dei partida no motor acelerei e voltei pra minha casa num condomínio fechado no Recreio dos Bandeirantes, estacionei e entrei me joguei no sofá - a nossa casa era moderna e  confortável minha mãe a transformou num Lar - e eu adoro, tudo é tão macio as vezes eu durmo no sofá mesmo, desabotoei a blusa e a tirei, subi as escadas devagar, bati na porta do quarto da minha mãe, e ouvi:
- Entra! – abri a porta e Millena estava deitada na cama dela.
- Pra sua cama mocinha está tarde! - ela me olhou de cara feia.
- Você não manda em mim, Bobão! - respirei fundo.
-Ele Tem razão Mimi, você tem escola amanhã, Boa Noite!
- Ainda estou chateada demais com você para dormir Berna.
- Então eu vou te arrastar da cama Mimi e te jogar na van do jeito que você estiver as 07:30hs. – Ela bufou, mas foi dormir me dando língua ao sair.
Eu me sentei ao lado de minha mãe na cama e olhei para o chão sem saber aonde começar me virei e a encarei:
- Desculpe mãe, me exaltei, sinto muito ter gritado com a senhora.
-Meu filho, eu sinto muito sei o quanto essa história te abala, eu só queria que vocês se entendessem. – Eu pude perceber que ela havia chorado me senti pior ainda então a abracei.
- Minha mãe é você e eu te amo! – ela sorriu e me abraçou.
- Eu sei o quanto você faz por essa família Bernardo, às vezes eu acho que é carga demais para você suportar filho.
- A senhora já vez muito por mim e por Mimi é minha vez agora, a senhora também tem que dormir Boa Noite. – um sorriso apareceu então está tudo bem.Eu saí devagar, abri a porta do quarto de Millena parecia já no último sono, agarrada ao travesseiro, elas não dormem enquanto eu não chego, não pude de deixar de sorrir; um bebê que virou menininha dos meus olhos, pré-adolescência, agora pensa que manda no próprio umbigo, tem muitas coisas que deixo relevar, mas ultimamente ela só fica uma graça dormindo, ela tem tudo que uma garota pode querer computador, tv, um celular moderno, um quarto decorado do jeito dela, patricinha desde 2 anos de idade, suspirei , fechei a porta e fui pro meu quarto dos sonhos, tv ,frigobar, video game, laptop, cama confortável, móveis modernos ,todos os quartos da casa vem com banheiro; tirei minha roupa e tomei uma ducha tentei relaxar botei uma sunga e deitei na cama; 03:20hs, eu não tenho uma boa noite de sono há anos desde que tudo começou ,então fechei meus olhos ...
Era de manhã o sol entrava meu quarto à dentro, eu sonhei com alguns rostos, mas todos desfigurados não teria um bom dia. 
Tomei uma ducha, depois do treinamento eu sempre sinto que estou sujo, segui minha rotina da manhã, desci as escadas, tomei meu café, 6h da manhã, um silêncio que reinava, minha mãe levantaria daqui a meia hora, subi as escadas eu sempre tiro Millena da cama, entrei no quarto dela abri a cortina junto com o blecaute, ela se revirou na cama, com o cabelo todo desgrenhado, quando dormíamos juntos no tempo de bicho papão ou medo do escuro, ela se mexia demais isso não mudou com o tempo
.- Millena levanta. - a sacudi, pra que despertasse.
- uhnn.- um grunhido -Foi o único som que ouvi.
- Millena 06h15min, levanta, se continuar assim vai se atrasar!
- Mas 5 minutos Berna, eu estou sonhando com meu Kayky Brito.
- Depois ele te leva pra tomar sorvete, levanta. - Nunca entendi a graça nesse moleque.
- Chato você em! - enfim levantando da cama.
Missão comprida, ouvi o barulho do quarto ao lado, bati e entrei minha mãe sempre parece, mas frágil de camisola, porém mais linda do que nunca sorri e disse:
- Bom Dia mãe! - Vê-la, de manhã me faz ganhar o dia.
.- Bom dia Berna, indo ao escritório? - ela me rondava, pra saber se iria para o de trabalho de fachada ou meu verdadeiro.
- Vou ao escritório, volto para almoçar em casa. - até que tudo não era mentira.
.- Vá com Deus meu filho. – Só balancei a cabeça.Depois de tantos anos ela nunca desistiu de mim, saindo do quarto dela, indo para meu carro, me lembrei do primeiro dia quando tudo começou, quando a Beatriz me deixou na antiga casa da minha mãe, ela disse que era por uns cinco anos, que a faculdade era longe, fora do estado, iria abrir uma filial por aqui – papinho pra boi dormir – minha avó concordou, seria a última chance dada pelo meu avô Bruno a ela, ele lhe disse o seguinte: Não quero meu neto passando fome, aquele desgraçado te usou e te descartou como um objeto, então faça essa faculdade e não faça com que eu me arrependa depois. Então ela se foi e me deixou, - um bebê de cinco meses com uma senhora; quem faz isso? – então eu fui crescendo chamando minha avó de mãe, ela dizendo que era minha avó, e que minha mãe estava longe estudando para dar um futuro melhor para mim, eu nunca entendi nada com nada, minha avó que me alimentava, vestia, levava e buscava na escola, brincava comigo, me batia também, – pois nunca fui o mais quieto – tinha vezes que saia correndo, mas nunca dava certo, ficava com fome, voltava pra casa e apanhava dobrado, mas minha mãe me ligava, me dava presentes, porém eu achava que ela era minha madrinha, conversava com as crianças da escola e elas falavam que madrinha de batismo e essas coisas eram assim mesmo, quando tinha sete anos ela voltou – recordando agora acho até engraçado, – mas no dia fiquei revoltado - foi mais ou menos assim, minha avó recebeu um telefonema uma semana antes do dia da chegada dela com o namorado, um tipo até simpático mas nunca tive qualquer contato com ele. Quando eles chegaram estava tudo organizado, cada coisa no seu lugar, em pleno sábado dia de futebol, eu já estava com raiva chegou beijando e abraçando trazendo presentes, fazendo o tipo simpática e carinhosa, conversa vai – conversa vem, ela falou: Você não lembra, mas eu sou sua mãe lhe dei a luz, seu pai não quis compromisso... coisa e tal... ...Isso eu já sabia, eu achava que o marido da minha vó que era meu pai já falecido, mas ouvindo aquilo.
Quando eu entendi, falei bem sério, -‘cê tá brincando né.  
Ela me respondeu – não meu filho. 
Eu disse – não me chame de filho você não é a minha mãe. 
Eu sempre fui assim, malcriado respondão, minha avó dizia que a irmã dela era assim - minha verdadeira mãe me repreendeu – o tal namorado tentou conversar. 
Então eu disse: Estou com muita raiva, quem você pensa que é? Me deixa aqui com a minha mãe, avó, ou sei lá, você nunca veio me ver, ela tentou se justificar e eu não quis escutar, mandei-a embora, não queria saber dela, pois o nome da minha mãe se chamava Angela, saí da sala troquei de roupa e fui jogar bola, mas não voltei pra casa enquanto o carro que eles vieram não saiu da frente da casa, quando entrei foi um inferno, minha mãe falou, brigou, quase me bateu, porém o que eu havia dito estava correto e verdadeiro. Minha relação com essa mulher é assim até hoje, Não dou nem bom dia. Já dentro do carro, dou a partida em direção a Barra, onde sou gerente de uma grande imobiliária, a qual lógico tem sua função (lavar dinheiro sujo). Liguei o rádio, passei por cada estação lentamente, deixei num sambinha mesmo, começou um engarrafamento, decidi voltar as minhas lembranças dos sete aos trezes anos, Mimi veio nessa época, foi um porre, Beatriz me perturbando o tempo todo, foi quando explodi. Numa reunião de família forçada pela minha mãe, acho que foi quando elas acreditaram que eu não iria mudar, na confusão fugi para casa do meu melhor amigo, o Renam, ele foi para a minha escola quando tinha uns dez anos, eu era bolsista, minha mãe conseguiu para mim por intermédio de um amigo, O Renam não, ele pagava a mensalidade e era cara, bem cara, apesar de tudo, crianças quando querem são malvadas, implicavam com ele por ser magrinho e usar aparelho, primeiro deu pena, aí comecei a puxar papo daqui e de lá, ele pareceu legal, depois de começar-mos a andar junto, comecei a comprar as brigas dele, e então, como os meninos já sabiam que eu não era de levar desaforo para casa, pararam. Nós não tínhamos nada em comum, eu curtia correr, joga bola, soltar pipa; já ele, de ver televisão, desenho; eu gostava de matemática, problemas e cálculos, acabei me formando em administração; ele de biologia; eu dormia muito nessa aula; ele agora terminando a faculdade de medicina e se especializando em cardiologia, no começo a gente só olhava as garotas, curtia com a cara um do outro, bom até hoje é assim. Quando eu conheci o pai dele, o sr. Roberto Mello Andrade, meu chefe hoje em dia, ele me pareceu legal viajava bastante, Renam nunca me dizia ao certo o que ele fazia, mas quando voltava trazia tantos presentes, mas meu amigo não ficava muito feliz e eu não sabia o porquê, pois, garotos ricos eram meio complicados, era bom quando ele me emprestava alguns de seus presentes, algumas roupas ou algo assim, mas minha mãe não gostava e mandava eu devolver tudo ,era verdade que não ficavam muito tempo juntos, ele e o pai, mas os presentes eram pra compensar a falta de tempo, pouco conversávamos sobre isso, ele não me dizia muito, então eu contei sobre minha desgraça , tentei mostra que o pai dele gostava dele, ele dizia que sabia disso, mas era sempre a mesma coisa a mesma reação, então deixei pra lá só fui entender depois. Apresentei-o à minha mãe, ele passou a ficar muito lá em casa, o pai dele gostou da minha mãe, - até demais pro meu gosto - voltando a realidade cheguei ao escritório um prédio de cinco andares com subsolo para estacionar procurei minha vaga de sempre, - gerente administrativo é o que diz na placa - pena que é que essa não é a minha realidade.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

2. Historia do terror (uuuuuuhhhhhhhhhhh!)



- Mimi, você conhece ela muito bem. - Percebi o desconforto na voz dela, ela também se estressava em alguns trechos.
- Conta vó não tem nada pra se fazer em pleno escuro. - ela devia estar tão entediada como eu, porém...
- Vá ler um livro, chata!- Porque agora? Para que relembrar, eu odeio isso.
- Ela não pode forçar a vista Berna. - Minha avó disse, derrotada, era raro não fazer o que nos queríamos.
- Está bem, Mimi. Muito tempo atrás minha irmã Fernanda e eu fomos largadas no mundo! Estudamos, trabalhamos, e, conhecemos os nossos maridos num baile da faculdade: muita musica, muita bebida, gente passeando pelo recinto, rindo, dançando, naquele momento nós estávamos bebendo uma cerveja. Foi quando chegaram dois rapazes e sentaram-se no bar, nós estávamos em uma mesa um pouco afastada da multidão, cansadas de tanto dançar. Os dois não paravam de olhar até que Fernanda percebeu:
- Mana, tem gente nos admirando. - ela me disse.
- Eu vi quando chegaram Fefe.
- corei naquele momento.
- E você nem me avisa??
- Eu já tinha visto aquele olhar, interesse sem compromisso, Nós morávamos juntas nessa época, ligavam muitos, mas ela nunca levava nenhum a sério.
- Piranha, ahg ram – Bernardo  Pigarreou - queria dizer  mas algumas coisas, mas deixei pra lá.
- Continuando - minha avó me lançou um olhar meio fulminante. - eles se levantaram, a musica estava alta, porém eu não me lembro qual era.Os dois vieram a nossa mesa, senti um frio na barriga, Fernanda riu, ela era melhor em flertar que eu, olhei para cima e ambos deviam ter 1,80 ou 1,85, eles também riam, eu estava entrando em crise não sabia o que fazer.
- Relaxe. - Fernanda sussurrou para mim.
-Oi. – Disse o moço claro com tatuagem, ele se dirigia a mim, mas minha língua me traia.
- Oi rapazes se perderam ou brigaram com o barman?- Fefê, sempre foi simpática.
- Nós estávamos lá do outro lado, mas concordamos que poderíamos estar em melhor companhia. Disse o outro rapaz, mas moreno que o de tatuagem, Esse tinha os olhos verdes.
-Nós duas rimos não deu pra segurar, Fefê  me olhou e fingiu que estava pensando no assunto.
-Então anjo o que você acha?
- ela sempre me chamou de anjo ou Madre Teresa, pois ela me achava muito boazinha.
- eu não sei Fê. Acho que não da pra confiar, vai que sejam psicopatas?
- rimos de novo e eles também.
- Eu prometo fazer só o que você quiser. - o de tatuagem disse para mim. Eu ri para ele e olhei para minha irmã ela se divertia um bocado.
-Está bem garotos. Sentem-se, conversamos por horas, então eles finalmente se apresentaram.
-Meu Nome é Marcos e meu amigo se chama Bruno. - Então o tatuado se chamava Marcos? Eu pensei que ele ia fala um apelido, ou algo do tipo.
-Então você se chama Bruno? - Fefê lhe perguntou.
- Sim. -Eu deduzi que ele era tímido, porque ele era o que menos se falava.
-Eu me chamo Fernanda e minha irmã Angela. - Ela riu para ele e se levantou.
-Então vamos dançar. -ela o puxou pelo braço e foram pista adentro.
-Marcos, vocês estudam na nossa faculdade a UFRJ? – chama-lo pelo nome foi estranho.
- Sim eu faço letras e o Bruno direito, estamos quase concluindo, aleluia! – ele levantou as mãos para o céu, eu ri.
- Eu faço medicina e Fefê música. – ele me olhou com certo interesse, eu devo ter corado.
-E você anjo dança também?-Marcos tinha me perguntado...
-Não muito bem. Achei melhor ser sincera.
-Que bom, eu não sei dançar, tive medo de você fazer o mesmo que sua irmã, a propósito vocês são tão parecidas, mas meio diferentes.
- Eu sei, ela é mais atirada que eu, nós somos gêmeas, por isso somos fisicamente parecidas, Fernanda pintou o cabelo de loiro, porém são tão ruivos como o meu.
- Em minha opinião você é incrível. - nesse momento eu tinha me apaixonado por ele, depois saímos preocupados com aqueles dois; eles estavam atrás da pilastra aos beijos, eles nos levaram em casa foi assim que tudo começou, telefonemas, passeios, festas, Marcos e eu estávamos num relacionamento sério, Fernanda e Bruno também, eu achei ótimo só que iam rápido demais, dois meses depois ela se mudou para o conjugado dele, dias depois eu descobri o motivo ela me disse que estava grávida, Fefe fazia música na faculdade e eu temi por parecer ser muita responsabilidade, eles se casaram no civil tudo muito simples comemoramos num bar, eu a ajudei em tudo que podia pois trabalhar e estar na faculdade era bem puxado , depois de um tempo Marcos veio morar comigo, era bom ter alguém a quem contar as tristezas, as felicidades e se sentir protegida. Bruno uns anos, mas velho que Fefe se formou e conseguiu um estágio numa agência de advocacia, a vida era complicada, mas pareciam dar conta do recado, 7 meses e meio mas tarde o casal de gêmeos Beatriz e Flavio nasceram, foi lindo eu chorei horrores tinha virado tia daquelas lindas crianças. Eles conseguiram achar uma casinha com dois quartos um pouco pequena, mas dava para morar, e ali ficaram, um aperto dali uma dificuldade daqui. A faculdade eu terminei e Fefê também com a nossa ajuda. Todos nós demos apoio a ela , ela ficou radiante por um longo tempo, as crianças cresceram eles se mudaram, bruno se dedicou a carreira para dar o melhor para a sua família, me casei com marcos foi tudo lindo amava ele demais, ele virou professor de faculdade, ele era tão paciente, nasceu para isso, a família dele tinha uma situação um pouco confortável e não tivemos tantos problemas, construímos um relação de confiança, nós éramos unidos. Quando tudo parecia bem, eles chegaram, os Oliveira, se mudaram, parecia uma família normal, Ramon o marido de Ingrid, os filhos Renato e Isabella. Renato era dois anos mais velho que Isabella, eles implicavam um com o outro, sempre achei engraçado por serem vizinhos. Bruno e Fernanda foram se apresentar, os anos se passaram as famílias ficaram unidas, amigas mesmo, eu percebia que Fernanda era amiga do Ramon e Ingrid do Bruno, algo parecia estranho mas Marcos falou para não me meter eles eram casados e deviam se entender eles mesmos, Por mas que eu não queira saber ou me meter na vida dela eu sempre cuidei e fiquei preocupada. Eu os peguei, Fernanda e Ramon se beijando numa praça escondidos, mas eu os reconheci,
Não sabia o que fazer então fui consultar ao mais sábio de todos, o meu marido, eu contei a ele, e ele me disse para conversar com ela, pedi folga no hospital e chamei-a para conversar:
- Angela quanto tempo nem passa lá em casa. – Eu a indaguei - ela fingiu estar irritada comigo.
- Oi Fernanda quais as novidades?- Eu estava tentando manter a calma.
- As crianças estão bem, o Bruno está ótimo, ser professora de música não era bem o que queria, eu queria uma banda sair pela estrada conhecer o mundo, mas os gêmeos vieram e tive que mudar os planos. - Ela me deu um sorriso fraco.
- Está culpando seus filhos por sua vida não ser perfeita?- Eu realmente estava perdendo a paciência.
-Não eu amo os meus filhos, mas nem tudo são flores como a sua vida. - eu não estava ouvindo aquilo.
- Minha vida tem problemas também!
-Claro toda vez que eu te ligo você está aproveitando a vida, - qual restaurante vamos comer, não tem comida pronta amor? A empregada quando chega arruma tudo, ou, como vai gastar dinheiro - olha essa casa tanto espaço pra quê, são só vocês dois, sem despesas, sem material escolar, sem ter que dividir tudo em casa, comida, contas, eu não tenho roupas novas a anos e o tempo não parece ter passado pra você!
- Meu marido esta doente – (eu nunca falei aquilo para ninguém, ele não permitia!)
- Gripe se cura o tempo todo. – (Ela ironizou.)
- Marcos tem câncer, ele fica mais doente a cada dia que se passa, minha vida nunca foi perfeita, ela é confortável e todo problema que me aparece meu marido me ajuda a resolver, eu planejei minha vida, ao contrário de você Fernanda, viver intensamente não era sua filosofia? O que foi agora inveja de mim? De quê, pra quê? Ter uma família incrível, isso não é suficiente? E você traindo o Bruno numa praça velha e suja? – Eu estava chorando, toda vez acontece - quando fico com raiva eu choro.
- Não, como? Não é bem isso. - ela não me encarou - quando você soube do Marcos, ele me parece bem...- ela não completou a frase.
- Ele não faz quimioterapia! Mas ele não anda bem, vomita sangue eu não sei o que fazer - estava em prantos - Fernanda me abraçou.
- Eu e Bruno estamos distantes, e Ramon; antes nos só conversávamos sobre o assunto aí ele me abraçava, uma coisa levou a outra, - ela me encarou nessa hora. - eu amo meu marido você sabe, mas ele só pensa naquele maldito emprego ele não liga pra mim ou para as crianças, ele me trai com certeza. - Então ela começou a chorar, e ficamos ali nos olhando cada uma com seus problemas a serem resolvidos.
Meu marido partiu seis meses depois daquela conversa, segui o conselho dele e não me meti, Bruno os flagrou junto com seus filhos houve uma confusão tremenda, ele a expulsou de casa, ela me pediu abrigo eu dei, muita tristeza naquele ano, não houveram festas de fim de ano na minha casa, porém Bruno me pediu para ir a casa dele para celebrar, pois sempre seria da sua família, Fui sem Fernanda , quando cheguei Ingrid com seus filhos estavam presentes não achei estranho, pois agora eles compartilhavam a mesma dor, tinham algo em comum, parecia que estava acontecendo um pequeno romance entre meus sobrinhos e os vizinhos achei tão bonitinho será que estavam juntos antes daquela confusão toda?, Os meus sobrinhos ficaram felizes em me ver, parecia uma atmosfera agradável, comemos, brincamos, rimos, trocamos presentes, entretanto o mais velho de Ingrid parecia meio distante só Beatriz estava perto dele, Nesse momento Bruno veio conversar comigo:
-Oi Angela, que bom que está conosco. - ele estava acabado o homem que estava na minha frente não era nem sombra do que eu conheci há tempos.
- Eu também, queria que Marcos estivesse aqui! – Eu disse a ele.
- Sinto pela sua perda, eu queria que ele estivesse aqui também, ele saberia o que fazer. – Me disse bruno.
- Eu sei, eu sabia dos dois! – (Eu não olhei nos olhos dele quando disse isso).
- E por que não me disse?
- Eu não pude, a vida era de vocês, ela me disse que ia conversar com você e eu estava presa a minha própria dor, sinto muito, me desculpe.
- Tudo bem, nosso casamento estava distante, mas eu nunca acreditei que iria acabar.
- Ela me confessou que você só pensava no trabalho e acreditava que você a estava traindo.
- Ela sempre reclamava das contas, eu só queria dar o melhor para ela, mas nada estava bom.
- Que pena Bruno vocês pareciam tão felizes, eu pensei que seria para sempre.
- Acho que escolhi a irmã errada. - ele me deu um sorriso fraco.
- O que há entre a bia e Renato?
- Não sei, ela não me apresentou como namorado!? Flavio esta sério com Ingrid!
- Que bonitinho! Faço gosto, mas fique de olho na bia, sim.
- Ok.
Nesse momento a luz voltou, minha avó me encarou, eu me levantei da poltrona, eu não queria ouvir, eu iria fazer alguma coisa, qualquer coisa, sair daquela sala seria a primeira opção a seguir, eu sei bem onde isso ia dar. Então as duas me olharam.
- O que foi Bernardo?- Eu percebi o deboche na voz de Millena.
Virei-me e sorri – eu vou encurtar a estória pra você Mimi, a retardada da minha mãe se apaixonou por um idiota, ela engravidou, ele não quis assumir, ele a largou, o pai a expulsou de casa, sua tia avó a acolheu e ela largou o filho com ela e seguiu com sua vida.         Agora os seus pais fizeram tudo certinho, foram pra faculdade juntos, casaram, construíram um negócio, tiveram você e então morreram!- eu já estava nervoso, Millena me olhava de cara feia, minha avó com lágrimas nos olhos; era sempre assim, a raiva me consumia!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

1.Eu não acredito que é segunda!



Em plena segunda - feira, falta-se luz num condomínio imp­ortante desses, e eu que pago um absurdo.Tem velas espalhadas pela sala, minha mãe de criação não aguenta mais minha prima (filha) enxerida, Millena não calava a boca! Sinto uma dor de cabeça vindo.

Meu nome é Bernardo Duarte Oliveira, esse é um resumo da minha história:

Angela Alves Morais, é, esse é o nome da minha mãe, ela nunca me deixa chamá-la assim, só quando brigamos, era raro brigar com ela, mas tinham uns momentos... ... O assunto do meu trabalho, dá raiva daquela maldita mulher que me deu a luz, essas coisinhas que, se dependesse de mim ela esqueceria.

Minha mãe é um anjo em pessoa você já tira pelo nome, adora cozinhar, toca piano que é uma maravilha, tem cabelos lisos branquinhos que eu adoro; ela cheira a lavanda e eu nem sei o porquê. A admiro em tudo, pela vida que teve, abandonada na porta de um orfanato junto com a irmã, estudou numa escola publica a vida toda, conseguiu uma bolsa na faculdade e arrumou um emprego; casou-se e montou uma carreira. Obstetra, o marido morreu e só sobrou o emprego, aposentou-se, e, então eu cheguei, e preenchi o espaço da vida dela, ela pensou em filhos, mas não tinha tempo. Minha prima veio mais tarde para ficar conosco.

- Bernardo querido o que houve? – ela me perguntou, preocupada.

- Ele não tem nada vó, é anti-social. – Falou a enxerida.

- Estou com dor de cabeça só isso.Millena você não fica quieta? - eu a amo, mas é estranha essa necessidade de falar de tudo o tempo todo: da escola, das amigas, dos casos, das fofocas...

- Querido você jantou? Pare de implicar com ele Mimi, e você mocinha, jantou também?

- Mãe não tem graça comer no escuro!

-Bernardo! –  Grita a minha avó.

-Vó me conta a historia da nossa família. Disse Mimi.

Acho que tive um colapso nervoso nesse momento, me mexi na poltrona onde estava de má vontade, aquela historia eu queria esquecer! Tudo que podia dar errado deu...